Transição - Transição Capilar
As mudanças podem ser externas,
física: “transição capilar”, por exemplo, só quer mudar o cabelo, será? Fazer
essa transição não é uma coisa simples, envolve muitos pontos a serem vistos
com carinho, analisados e trabalhados. Eu passei por uma transição capilar
recentemente, decidi que ia parar de pintar os cabelos. Não é simplesmente “vou
parar de pintar”, não... é bem complexo. Tive que analisar vários fatores: por
que eu quero? Quando eu quero? Quero mesmo? Estou preparada para assumir as
minhas cãs? (essa palavrinha é do tempo que eu adorava fazer palavra cruzada).
Outras questões são: Estou
preparada para lidar com o preconceito? Sim... Esse preconceito existe e tem
até nome: “Etarismo”[1] ou
“ageismo”[2]. E
ainda tinha outro aspecto relacionado a esse, as pessoas, com as melhores
intenções, começam a criticar e dizer que não estamos nos cuidando, que
precisamos pintar, que nossa aparência esta envelhecida, doente e por aí afora.
Acredito que não é por maldade, mas as pessoas já tem grilos suficientes na
cabeça, e estão lidando com eles, e as pessoas de fora não ajudam muito...
Bom, decidido, vou deixar de
pintar e fazer a transição. Pensa que é fácil? Nãoooo, o cabelo cresce em
câmera lenta e quando deixamos de pintar aparece aquela faixa branca e que dá
uma aparência feia. E continua, a faixa vai aumentando, aumentando lentamente e
aí mora o perigo. Toda a nossa determinação pode ir por água abaixo quando nos
olhamos no espelho e começamos a perder a paciência. E haja paciência. São
meses de luta diária para se manter firme no propósito, e acrescente a isso a
opinião alheia, que invade, se imiscui na nossa vontade insidiosamente.
Vamos aos cortes, eu comecei a
minha transição capilar em fevereiro de 2020, logo em seguida veio a pandemia.
Por um lado, foi bom, pois tendo que ficar enfiada dentro de casa foi mais
fácil, mas por outro lado foi complicado, como cortar? Lembremos que os
cabelereiros estavam fechados devido à crise sanitária, então vamos cortando o
cabelo no banheiro de casa, olhava no espelho e cortava um pouco. Mais um
pouco. E mais um pouco...
Minha cabelereira e amiga começou
a me atender privadamente, com todos os cuidados, ela cortou meu cabelo várias
vezes. Acredito que devo ter cortado umas quinze vezes entre os meus cortes
autônomos e os feitos por ela, isso no espaço de um ano. E para efetivar a
transição, um último corte radical que deixou bem curtinho, bem mesmo.
Voltemos à questão da transição,
seja ela qual for, será que é apenas mudar o cabelo? Não entendo que seja uma
mudança física, externa. É uma mudança de parâmetros, de crenças, de atitudes.
É mudar os nossos conceitos e preconceitos. É assumir uma nova postura diante
da vida. No caso, não vou pintar mais os cabelos, vou assumir as minhas cãs, o
meu cabelo grisalho. E é interessante observar porque as pessoas tem tanto
preconceito com as mulheres grisalhas, por que não tem com os homens? Prestem
atenção nas conversas: O homem fica charmoso com cabelo grisalho, a mulher
desleixada. Esquisito não é verdade? Ainda mais quando percebemos que para
manter o cabelo grisalho apresentável é necessário um shampoo desamarelador de
vez em quando, os cabelos precisam de cortes assíduos para manter os fios
alinhados, ou seja, geralmente os cuidados dispensados aos cabelos grisalhos
femininos são maiores do que o dos homens.
Cortei novamente essa semana, o
cabelo está bem curtinho, grisalho e desalinhado. O cabelo curto e grisalho é
totalmente rebelde, ele fica do jeito que ele quer, e cabe a nós aceita-lo do
jeito que é e ponto.
E aí converso com minha sobrinha
por vídeo, ela tem cinco anos. Falamos de cabelo, ela está com tranças azuis e
rosa e eu comento com ela que logo, logo estarei careca e ela vira e pergunta:
“você está com câncer?”
[1] Etarismo
é a discriminação contra indivíduos ou grupos etários com base em estereótipos
associados à idade.
[2] O
termo ageísmo, criado em 1969 pelo médico psiquiatra Robert Bluter, tem origem
de ageism, palavra que deriva de age, que traduzimos para idade. O
ageísmo define, portanto, uma forma de desrespeito relacionada à idade por meio
de condutas discriminatórias — voluntária ou involuntariamente — com pessoas
idosas.
Nossa nunca tinha vindo aqui nesse seu espaço, se hj sem querer aqui estou, já tem 3 meses que não pinto meu cabelo também resolvi fazer a transição, e uma coisa que eu disse essa semana para uma amiga foi exatamente sobre, o que dizem do cabelo do homem e da mulher, e TD isso mesmo que estou sentindo e passando agora, mas vamo que vamo..
ResponderExcluirNossa nunca tinha vindo aqui nesse seu espaço, se hj sem querer aqui estou, já tem 3 meses que não pinto meu cabelo também resolvi fazer a transição, e uma coisa que eu disse essa semana para uma amiga foi exatamente sobre, o que dizem do cabelo do homem e da mulher, e TD isso mesmo que estou sentindo e passando agora, mas vamo que vamo..
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