Minimalista, eu?

 


 

Sou uma pessoa minimalista? Não, acredito que não sou. Contudo, sou uma pessoa que procura somente o necessário para viver.

Considero que minha vida seja um caminhar lento e continuo à evolução.

A evolução, para mim, é ter uma alimentação saudável, evitar os produtos de origem animal, evitar o álcool e alimentos que agridam o meu corpo. Sei que estou em evolução, em transição, não exijo que essa mudança seja automática e rápida, pelo contrário, respeito o tempo do meu corpo e do meu preparo.

Levei uns quinze anos até deixar de comer carnes bovinas, suínas e de aves, mas assim que tomei a decisão, foi automático, desde então não consumi mais e não sinto falta, pois foi uma decisão refletida. As pessoas não são iguais, não se pode traçar comparações e tampouco exigir comportamento semelhante.

A evolução no quesito alimentação foi acompanhada por outras, comecei a prestar mais atenção a minha volta, por que tantos objetos atravancando a passagem? Por que ter que ficar limpando, arrumando, lavando, tantas peças? O que posso desapegar e abrir espaço?

Tivemos a oportunidade de reavaliar tantas coisas na pandemia e a casa, os objetos, móveis foi parte dessa reavaliação. Precisamos de espaço para trabalhar em casa, para praticar um exercício físico. A casa é feita para nos servir e não o contrário. Não estamos disponíveis para ficar servindo à casa.

Tive o ímpeto de liberar espaço, assisti alguns documentários sobre minimalismo, li alguns livros, como, por exemplo:  Mente minimalista, A casa minimalista, De adeus ao excesso do escritor japonês Fumio, adorei esse livro, O ano em que menos é muito mais, no qual a autora descarta tudo que pode no espaço de um ano, não compra e sobrevive. Outro livro que li foi Menos é mais, a autora, Francine Jay dá dicas e orienta como incluir a família nessa jornada. O livro Tudo que importa, do Joshua  e Ryan  deu origem ao documentário da Netflix, um dos mais interessantes, entre tantos outros livros que li durante esses dois anos da pandemia. Devo confessar que li mais nesses dois anos que em outros anos. Sem falar do necessário A mágica da arrumação da Marie Kondo, com quem aprendi que objetos, roupas lhe dão alegria ou não...

Estou em processo de minimalismo? Talvez. Hoje analiso cada objeto que tenho em casa e se ele é indispensável, se não for, agradeço e me despeço dele, deixando ir embora, ser útil em outras paragens.

Roupas? Procuro as que, realmente, uso. Não existe mais aquele “e se um dia...” O que adianta ter inúmeras peças se quando vai se vestir para sair pegará, exatamente, as mesmas de sempre? E quando comprarei, procuro peças de qualidade, que combinem com as que já tenho e durem, evito comprar as modinhas de qualidade duvidosa, que nas primeiras lavagens perdem a forma e a cor, ficando com aparência envelhecida.

Sapatos? Já me desfiz de uns 70% do que tinha. Ainda tem bastante, se for pensar em quanto saio de casa e em quanto uso. Lembro de uma colega de trabalho, no início dos anos 2000, que acumulava muitos pares e um dia disse: por que tantos pares se tenho um par de pés somente? Ela desfez de 90% do acervo.

Nesse mesmo passo podemos refletir sobre acessórios, maquiagem, bijuterias, joias, eletrônicos, objetos de decoração, lembrancinhas, e quem dirá da cozinha? Quantas coisas não utilizadas temos em nossas cozinhas?

Como começou tudo isso? Como teve início essa nossa necessidade de acumular coisas? Os antigos tinham pouquíssimas peças de roupas e viviam assim. Será que acumulamos coisas para nos compensar de algo que não temos? Se for assim, por que continuamos insatisfeitos e comprando, comprando...

O consumismo é contraproducente. As pessoas gastam mais do que ganham para comprar objetos que não utilizam.  Perdem o sono por não saberem como vão pagar!

Concordo que não era uma consumista exagerada, mas confesso que já fiquei carente e sai para comprar sapatos, em uma ocasião comprei dois pares de sapatos de bico fino e salto que nunca usei! Um, era vermelho e o outro azul, não ia usar mesmo, por que comprei? Vá tentar entender o que se passa na cabeça da pessoa...

Bom, hoje em dia, cada vez menos é mais. Tenho uma meta: carregar comigo só aquilo que for essencial, o que seria essencial atualmente? Penso que um bom teste é o do “fogo”. Se alguém gritar fogo, o que você pega na sua casa para levar com você?

Antigamente poderíamos responder que seria os documentos, carteira, algumas peças afetivas, mas hoje em dia, o que poderia ser tão indispensável?

Acredito que podemos responder: uma muda de roupa e o celular. Está tudo no aparelho! Documentos, fotos, acesso a dinheiro, acesso a amigos. Quando muito pegaria o notebook. O restante? Sobreviveria sem, creio.

É difícil quando começamos a nos desapegar dos nossos pertences, parece que estamos ficando vazios e sem âncoras, mas, depois percebemos que essas âncoras é que nos tolhiam os movimentos e começamos a nos sentir libertos e essa sensação é ótima. Não há malas a serem arrastadas, podemos voar!  

Agora, estou sempre olhando a volta e pensando: preciso mesmo “disso”? Posso deixa-lo ir embora? Assim vamos desapegando cada vez mais.

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