O destino de pessoas selados em uma carta
Acabei de ler “O silêncio das montanhas” de Khaled Housseini,
escritor afegão-americano. Esse é o terceiro livro que leio desse autor. O
primeiro foi “o caçador de pipas”, o segundo “A cidade do sol” e posso afirmar
que todos os três me impactaram da mesma maneira.
Temos por convenção que dificilmente um autor consegue
superar um grande sucesso, como foi o caso do primeiro livro, que conta a história
de amizade e traição de dois meninos, Amir e Hassan, que cresceram juntos,
exatamente como seus pais, apesar de serem de etnias, sociedades e religiões
diferentes. O livro foi lançado em 2003 e adaptado para o cinema em 2007.
O outro livro, A cidade do sol conta a história de duas
mulheres, Laila e Mariam, duas afegãs com vidas distintas, passados
diferentes e o (provável) futuro semelhante. Forte também, está na minha lista
de releitura.
E agora li "O silêncio das montanhas", adquirido em 2015 e
parado na estante.
No meu ponto de vista, não há um personagem principal, são vários
personagens e suas histórias se entrelaçam ao longo de várias décadas de encontros e separações. Todas as histórias seriam únicas se não houvesse um elo entre todos
esses personagens, o tio Nabi.
Como o farfalhar das asas de borboleta, o toque de Nabi
desencadeia mudanças na vida de dois irmãos, órfãos de mãe e apegados um ao
outro, separados na infância.
Contudo, quando acreditamos que seguiremos a trajetória
dos dois irmãos, nos deparamos com outros personagens, que vão surgindo e nos
arrebatando com suas próprias histórias. O autor introduz cada um desses com
uma narrativa que ora nos deixa confusos, mas na página seguinte, nos
encontramos envolvidos com o novato.
Gosto do jeito que ele conduz a narrativa, como se nos
enlaçasse pelo coração. Ficamos atentos para saber o desenrolar da narrativa.
E cada história seria única se não fosse o elo do tio Nabi,
a carta!
A carta traz todos ao eixo central, o farfalhar das asas da
borboleta-Nabi!
Não conseguimos nem julgar os atos do tio Nabi, não nos cabe
esse julgamento. Ele se redime de seus feitos com sua conduta. Tanto na carta
como na sua dedicação a Suleiman, sua família e Markos.
É a categoria de livro que não importa o final, já sabemos que o
desenrolar causou tantas mágoas e tristezas que não há possibilidades de finais
felizes para os personagens, mas apenas a aceitação, assim como a própria vida.
Destaco, na minha leitura e opinião, a decepção que tive com
um personagem, foi o único que acreditei que teria um comportamento diferente do
que teve e me deixou arrasada. Mas tudo bem, as pessoas reais são assim também.
A história se passa em quatro países, Afeganistão, França,
Estados Unidos e Grécia, durante seis décadas e são vários personagens, além de
Pari e Abdullah, os irmãos separados na infância.
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